Plástico retirado dos oceanos: a matéria-prima que virou moda

No braço, uma simples pulseira, que pode até passar despercebida. Mas mais do que um item de moda, o acessório indica que 450 gramas de plástico foram retirados dos oceanos. O número é ínfimo diante das oito milhões de toneladas de plástico que vão parar no fundo do mar, todos os anos, mas representa um movimento que vem ganhando cada vez mais adeptos: o de empresas de moda que utilizam o material retirado das águas como matérias-primas para produtos como tênis, casacos, entre outros.

A iniciativa 4ocean, por exemplo, responsável pela fabricação das pulseirinhas que viraram hit no Instagram e custam US$ 20 cada, já retirou duas mil toneladas dos mares em menos de dois anos. Tudo ideia dos amigos norte-americanos Andrew Cooper e Alex Schulze, que resolveram agir após ficarem impressionados com histórias que ouviram de pescadores durante uma viagem a Bali. Desde então, a empresa já esteve presente na costa de 27 países, inclusive no Brasil.

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As pulseiras da 4ocean: feitas com plástico retirado dos oceanos elas viraram moda no Instagram (Foto: Divulgação / 4ocean)

Mais do que uma ideia de pequenas startups, a proposta de usar plástico dos oceanos como matéria-prima já está sendo adotada por gigantes da indústria da moda, que, lembremos, é uma das mais poluidoras. Como forma de diminuir seu impacto ambiental, a Adidas está investindo na economia circular e prometeu que vai produzir 11 milhões de pares de tênis feitos com plásticos retirados de oceanos e praias. A iniciativa começou em 2017, em uma parceria com a Parley for the Oceans, uma instituição voltada à conscientização, preservação e limpeza dos oceanos e que, inclusive, tem feito várias ações nas praias brasileiras. O modelo sustentável leva 95% de plástico retirado dos oceanos e 5% de poliéster reciclado em sua composição. Cada par usa, em média, o equivalente a 11 garrafas PET retiradas dos mares.

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Tênis Alphaedge 4D: um dos modelos da Adidas em parceria com a Parley (Foto: Divulgação)

A Adidas se comprometeu também a produzir itens de vestuário com o lixo dos oceanos. O time de rúgbi All Blacks, por exemplo, já usa camisetas de treino, shorts e jaquetas feitos assim.

Marcas como Gucci e Stella McCartney engrossam a lista de parceiras de organizações como a Parley for the Oceans. Ainda no mercado de luxo, a grife suíça Breitling, conhecida por seus relógios para mergulho, lançou, no fim do ano passado, um modelo cuja pulseira é feita de plástico retirado dos oceanos. A peça foi uma parceria com a marca Outerknown, uma das mais conhecidas pelo uso do material e que tem o surfista engajado Kelly Slater como co-fundador.

 

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